Debate sobre conjuntura mobiliza estudantes e servidores

A situação política vivida hoje no Brasil foi o tema do debate organizado pelo Sintietfal na manhã desta quarta-feira, 6 de abril, com a presença do Prof. Dr. Oswaldo Maciel e do sindicalista Paulo Falcão. Estudantes e servidores presentes no evento refletiram sobre os caminhos que a esquerda e os movimentos sociais devem tomar diante da conjuntura.

O professor Fabiano Duarte, diretor de formação política do Sintietfal, chamou à atenção de todos para a seriedade desse momento. “Essa reflexão está sendo feita no Brasil inteiro por sindicalistas, juristas, artistas e pela sociedade em geral. E o nosso sindicato não poderia deixar de discutir esse tema tão importante, principalmente por ter medidas que atingem tão diretamente os servidores públicos”, disse Fabiano.

O processo de impeachment, conduzido por Eduardo Cunha (PMDB) a pedido da oposição de direita (PSDB/DEM), tem buscado no discurso contra a corrupção adesão para impor um programa econômico cada vez mais neoliberal e a favor das elites que têm visto diminuir suas taxas de lucros diante da crise econômica.

Essa ideologia, pregada com o apoio da grande mídia, tem espalhado uma onda de intolerância e o ódio, como bem explicou o professor Oswaldo Maciel, ao citar o acontecimento de agressão ao professor da UFAL, Salomão Nunes.

“Por que a direita está tomando o fôlego que está tomando e por que as ideias como do fascismo tem ganhado força? Brecht dizia que não tem nada mais parecido com o fascismo do que um burguês acuado. Essa crise tem diminuído o ser humano como ser humano. Tem feito que o ser humano olhe para outro de maneira diferente. Faz com que ele proteja o seu e dê as costas para alguém mais necessitado”.

O professor da UFAL apresentou que o pedido de impeachment contra a presidenta Dilma não tem fundamento legal, é apenas um modo da grande burguesia voltar a administrar diretamente o país. Por outro lado, mesmo criticando o atual governo e a palavra de ordem de defesa do Estado Democrático de Direito, disse que era momento de união da esquerda contra a restrição de espaços e a piora do país.

“Temos que denunciar os limites do estado de direito e a farsa da democracia representativa. Denunciar esses espaços e, entretanto, entender que eles podem ser ainda mais reduzidos e as coisas podem piorar. Defender a democracia não pode ser associado com a defesa do governo do PT”, disse Maciel.

Paulo Falcão, por sua vez, continuou a crítica ao papel do Estado numa sociedade de classes. “O Estado hoje é denominado Estado democrático de direito e ele assume uma feição de que não tem lados. Isso é vendido para a população como algo inquestionável. Mas não é verdade, ele serve para defender os capitalistas”, disse o sindicalista.

Mesmo concordando que a tentativa de impeachment é movida por um congresso corrupto e pelos setores mais atrasados da sociedade, Paulo Falcão apresentou uma visão diferente do professor Maciel, disse que a saída para os trabalhadores é construir uma terceira via: contra Dilma (PT), contra Temer/Cunha (PMDB) e contra Aécio (PSDB).

“A saída não está do lado da direita, que quer o impeachment para dá o governo a Michel Temer e nem queremos esse governo. A classe trabalhadora tem que participar desse processo criando o seu campo alternativo. A saída das eleições gerais é uma alternativa imediata para mostrar que a esquerda tem uma opção. Mas uma eleição geral que tenha tempo igual de tevê para todos, uma campanha eleitoral sem o financiamento de campanha e uma revogabilidade de mandato para àqueles que tenham descumprido suas promessas de campanha”, disse Falcão apontando o caminho de uma greve geral.

Unidade da esquerda

O presidente do Sintietfal convocou todos a construírem, no dia a dia, a defesa da classe trabalhadora e dos oprimidos. Para Hugo Brandão, “esse impeachment é direitista e não podemos ser a favor dele. Não podemos defende-lo e nem nos eximir de fazer crítica ao governo que privilegia a classe de cima. Esse impeachment quer aprofundar ainda mais as desigualdades sociais. A forma de lutar contra os fascistas é levantar as bandeiras históricas da esquerda e do povo pobre, é lutar por nossos direitos”.

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