8 de março: Marcha clama por direitos e pelo fim da violência contra a mulher

Manifestação reivindicou justiça à professora Angélica e demais vítimas de feminicío em Alagoas

A manifestação do Dia Internacional de Luta das Mulheres, realizada nesta quinta-feira, 8 de março, levou milhares às ruas de Maceió para exigir direitos e o fim da violência contra a mulher. O ato, organizado por movimentos feministas, sociais e sindicais, teve início na Praça Centenário e seguiu até o palácio do Governo, onde as manifestantes permanecem aguardando uma audiência com o governador.

As mulheres, além de exigirem seus direitos e lutar por igualdade e democracia, cobraram do governo de Alagoas políticas públicas para o combate à violência contra a mulher, como delegacia especializada 24 horas, na capital e no interior, campanhas educativas e fortalecimento da rede de apoio às vítimas.

Para Marília Souto, diretora de comunicação do Sintietfal, é necessário o envolvimento e a luta das mulheres para que mudanças aconteçam. “O Sintietfal se faz presente em mais um ano no ato que marca as comemorações do dia da mulher. Infelizmente hoje não temos tanto a comemorar, ainda continuamos lutando por direitos e denunciando o assédio e a violência que trabalhadoras e alunas sofrem todos os dias”, afirmou a dirigente sindical.Com uma bateria feminista, palavras-de-ordem e muitas falas de denúncias no carro de som, a passeata ganhou ainda mais força quando fechou o cruzamento da ladeira dos Martírios e se unificou às mulheres camponesas, que se encontram em Maceió desde o dia 7 de março, construindo a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra.

+++ Camponesas ocupam Secretaria de Agricultura, Incra e Iteral em Alagoas

Diante da Delegacia da Mulher, a marcha realizou uma parada para pedir justiça pelo assassinato da professora Angélica – morta a facadas pelo ex-marido em via pública, na cidade de Viçosa – e de tantas outras mulheres vítimas do feminicídio em Alagoas. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Alagoas tem a maior média do nordeste de feminicídios e o dobro da média do país. Só em 2017, foram registrados 31.

“Angélica era uma pessoa amável e de bem com a vida. Ela era uma mulher que batalhava. Eu tenho certeza que hoje ela não está aqui, mas o espírito dela está e ela só vai descansar quando a justiça for feita. Senhor Governador, ela pode não ser famosa com seus amigos, mas ela era famosa para os alunos dela e muitas vidas ela mudou. Por isso, clamamos por justiça”, afirmou uma colega de trabalho da professora assassinada.

Agressão

Durante o ato, ainda foi registrada uma agressão contra duas manifestantes. Elas registraram queixa contra o Tenente Cardoso e outros policiais que agrediram, com empurrões, tentando liberar o trânsito.  “Policiais militares intolerantes decidiram, sem algum diálogo, abrir a pista em frente à Praça dos Martírios em cima do ato. Decidimos conversar com eles e fomos agredidas, empurradas em cima do trânsito com gritos e ‘puxavancos’! Fizemos o boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher”, afirmou a produtora cultural, Keka Rabela.

Ocupação e audiência

Diante do palácio do Governo, por voltas das 12 horas, as mulheres montaram uma vigília para aguardar a reunião com Renan Filho. A reivindicação das manifestantes é que o Governador antecipasse a audiência, prevista para às 17 horas, e recebesse as mulheres de imediato. Com a negativa do governo, o movimento decidiu tomar uma atitude mais enérgica e ocupar a Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos do Estado de Alagoas até o momento da audiência.

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