Trabalhadores dos Correios entram em greve nesta segunda-feira contra a privatização e ataques ao plano de saúde

Nesta segunda-feira (12), os trabalhadores dos Correios entraram em greve por tempo indeterminado contra o não cumprimento pela empresa do Acordo Coletivo de 2017.

“Os Correios e o governo estão provocando um verdadeiro desmonte da estatal, atacando direitos dos trabalhadores, como o plano de saúde, e provocando uma privatização fatiada que pode ser concluída caso a categoria não aja rapidamente”. Esse é o alerta feito pelo trabalhador dos Correios e dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Geraldo Rodrigues, o Geraldinho.

No ano passado a categoria realizou uma greve nacional em defesa do plano de saúde. Há pelo menos dois anos a empresa tenta repassar o custeio deste direito aos trabalhadores sob o argumento que está gastando quase R$ 2 bilhões com o benefício e não tem como custeá-lo.

“O plano de saúde dos Correios, chamado Postal Saúde, foi criado em 2014 sob protesto por parte dos trabalhadores que já entendiam que essa situação de cobrança ocorreria, pois uma subsidiária cuidaria do plano, não mais a empresa”, lembra Geraldinho.

Antes a empresa tinha um custo de R$ 800 milhões ao ano com o plano, quando era operado pelos Correios. Com a criação da subsidiária Postal Saúde, os custos aumentaram e a empresa quer transferir esse aumento de custo à categoria.

“Os trabalhadores já pagam quando usam o serviço. Segundo o Acordo Coletivo, dependendo do salário o desconto é de 5%, 10% ou 15% do que você gastou usando o serviço”, disse Geraldo. Hoje a empresa quer que os trabalhadores paguem 25% mensais e o pior é que a tabela será sobre o salário bruto. A medida é um brutal ataque aos trabalhadores que recebem baixos salários e veriam aumentar ainda mais o arrocho nos seus pagamentos.

No ano passado a categoria aceitou fechar o acordo com reajuste de 2,7%, exatamente porque o TST (Tribunal Superior do Trabalho) propôs reeditar o acordo coletivo, que garantia em sua cláusula 28 o não pagamento da mensalidade do plano de saúde.

Agora, a empresa quer mudar a cláusula para que possa implementar a cobrança de mensalidade. “Outro problema sério é que os pais dos funcionários dos Correios que hoje são dependentes ficarão fora da cobertura do plano, o que era garantido até agora”, salienta Geraldo.

Privatização em curso  

Os trabalhadores internos OTT (Operador de Triagem e Transborno) totalizam cerca de 17 mil funcionários, que terão os cargos extintos e, segundo a empresa, seriam transferidos para o cargo de carteiro. Isso significa que o trabalhador fez concurso para uma função e exercerá outra. “É um ataque muito grande. O que a empresa quer é intensificar a terceirização nesses setores, para pagar salários rebaixados. Há trabalhadores que recebem R$ 700 com descontos”, ressalta o dirigente.

Não são poucos os ataques que vêm sofrendo os trabalhadores dos Correios. A empresa criou outra subsidiária, o CorreiosPar, que passaria a tomar conta dos grandes complexos, o que vai piorar a prestação de serviços aos clientes. A criação dessa subsidiária também faz parte da ofensiva para a privatização, já que o objetivo é repassar ao setor privado os serviços mais lucrativos e deixar a estatal cada vez mais sucateada. Quem perde é a população, principalmente mais pobre e que vive nas periferias.

Há ainda o projeto de redução de salário com redução de jornada e o fim do concurso público.

“A CSP-Conlutas apoia integralmente a greve e estará lado a lado dos companheiros e companheiras dos Correios em defesa da manutenção do seu plano de saúde, demais direitos e contra a privatização ”, reforçou o operário da construção civil, Atnágoras Lopes, integrante da SEN, da Central.

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