MEC retalia Unb, UFBA e UFF e corta 30% de seus orçamentos

Ministro da Educação penalizou universidades acusando-as de permitirem eventos políticos

Novo Ministro da Educação é mais autoritário do que o seu antecessor (foto: Marcos Corrêa/PR)

Atacando a autonomia universitária, o Ministro da Educação de Jair Bolsonaro, Abraham Weintraub, determinou o corte de pelo menos 30% do orçamento de três universidades federais acusando-as de terem permitido a ocorrência eventos políticos, manifestações partidárias ou festas inadequadas ao ambiente universitário.

Classificados por ele como “balbúrdia”, Weintraub ordenou a retaliação na Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal da Bahia (UFBA). Segundo ele, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, está sob avaliação.

“Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”, disse Weintrab em reportagem de Renata Agostini, na edição desta terça-feira (30) do jornal O Estado de S.Paulo.

Os cortes atingem as chamadas despesas discricionárias, destinadas a custear gastos como água, luz, limpeza, bolsas de auxílio a estudantes, etc. A UNB disse que verificou no sistema bloqueio orçamentário “da ordem de 30%” e espera conseguir revertê-lo. A UFBA e a UFF não se pronunciaram.

“A universidade deve estar com sobra de dinheiro para fazer bagunça e evento ridículo”, disse Weintraub. Ele deu exemplos do que considera bagunça: “Sem-terra dentro do câmpus, gente pelada dentro do câmpus”.

Orçamento MEC

O Governo Federal, em março, contingenciou R$ 30 bilhões do orçamento de 2019. O MEC foi o mais afetado com R$ 5,8 bilhões. A Lei Orçamentária estabelecia cerca de R$ 23,7 bilhões para despesas discricionárias na Educação como um todo. Com o bloqueio, a pasta perdeu 25% de seu orçamento.

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Diante desse cenário, o Ministro Weintraub afirmou definir critérios para quem sofreria mais com o bloqueio e elegeu as universidades que não apresentarem desempenho acadêmico esperado e, ao mesmo tempo, estiverem promovendo “balbúrdia” em seus câmpus.

Entretanto, ao contrário do que foi alegado pelo Ministro, a UnB, UFBA e UFF mantêm destaques em avaliações internacionais. O ranking da publicação britânica Times Higher Education (THE), um dos principais em avaliação do ensino superior, mostra que Unb e UFBA tiveram melhor avaliação na última edição.

Na classificação das melhores da América Latina, a Unb passou da 19.ª posição, em 2017, para 16.ª no ano seguinte. A UFBA passou da 71.ª para a 30.ª posição. A UFF manteve o mesmo lugar, em 45.º.

Perseguição política

Para o Sintietfal, o corte de 30% no orçamento das Universidades é uma absurda perseguição política e cerceamento da liberdade universitária em promover debates e o pensamento crítico.

“Esse governo, doutrinado pelo pensamento do astrólogo (não confunda com astrônomo) Olavo de Carvalho, quer acabar com a reflexão na educação do país. Para isso, atacam a filosofia, a sociologia e qualquer reflexão dentro das universidades. A educação do Brasil está sendo atacada por quem não gosta de educação, por quem nunca gostou de estudar e por quem quer transformá-la em negócio. Atacam as universidades públicas por duas razões: nunca conseguiram frequentar uma e não aceitar que o/a filho/a do/a trabalhador/a possa frequentar. Não podemos permitir isso. Temos que lutar em defesa da autonomia universitária e contra a intervenção do MEC”, disse o diretor de comunicação do Sintietfal, Ederson Matsumoto, o Japa.

 

Com informações: Estadão

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