Reestruturação dos cursos será revisada no CEPE e enviada para aprovação do Consup

Reunião sobre a deliberação nº 34 acumulou debate e colocou em xeque o ensino a distância e o contra turno

A reestruturação dos cursos técnicos integrados ao nível médio pode ter uma solução até o dia 20 de setembro. Em reunião realizada nesta quarta-feira, 4 de setembro, na sala dos conselhos, na reitoria do Ifal, ficou decidido que a resolução nº 34 do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão será revista e depois encaminhada para o Conselho Superior.

O Reitor Carlos Guedes, por pressão do Sintietfal e dos presentes, se comprometeu a convocar reunião do CEPE no dia 18 de setembro e uma extraordinária do Consup no dia 20.

A principal crítica apresentada pelo Sintietfal era de que a resolução nº 34, que modifica as diretrizes institucionais do médio integrado, não foi debatida de forma ampla com toda a comunidade acadêmica do Ifal e que tal modificação não respeitava as instâncias internas de deliberação do instituto.

“Respeitamos os conselheiros do CEPE e o trabalho das comissões, mas quem tem competência de aprovar diretriz educacional é o Conselho Superior. Essa decisão é prerrogativa do conselho máximo do Ifal. Uma mudança tão impactante deve, no mínimo, respeitar nossas normas internas”, afirmou Hugo Brandão, presidente do Sintietfal.

A reunião do grupo de trabalho foi uma deliberação do Conselho Superior e envolveu, pela primeira vez nesse debate, representantes das três categorias, estudantes, TAEs e docentes. Além de membros do Consup, estiveram presentes representantes do CEPE e das Comissões Locais e Geral de reestruturação dos cursos.

“Sempre que a gente for tomar uma decisão desse calibre, isso tem que ser feita a partir de uma discussão ampla, massiva, democrática e aberta. O texto da minuta aprovada no CEPE não foi consenso e nem passou pelas comissões”, afirmou Tomás Gustavo, diretor de políticas educacionais do Sintietfal e membro do CEPE.

Os estudantes presentes na reunião, representantes discentes do Conselho Superior, também criticaram o fato de a categoria não ter sido ouvida . “Nós seremos os mais impactados e até agora não fomos ouvidos. Desde 2016 existe esse debate no Ifal com as comissões de reestruturação, mas em nenhuma delas há participação discente”, afirmou Peterson Lessa, representante da Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet) e membro do Consup.

A previsão da gestão do Ifal é que as mudanças nos cursos integrados, incluindo a redução de quatro para três anos, já entrem em vigor no próximo exame de seleção, previsto para ter inscrições abertas ainda no mês de setembro.

A Pró-reitora de Ensino, Cledilma Costa, justificou a “pressa” em aprovar as mudanças nos cursos do Ifal pelo receio de faltarem recursos para o funcionamento do Instituto e de o governo querer usar a Rede Federal como o 5º itinerário formativo da Reforma do Ensino Médio, elemento rejeitado pelo Conif.

“Se a gente começa em 2020 cursos com quatro anos nós vamos ter que interromper porque não teremos recursos para manter”, afirmou a chefe da PROEN.

Pontos polêmicos

Além da crítica apresentada ao método de aprovação das diretrizes institucionais dos cursos integrados, o Sintietfal e representantes da comissão local de reestruturação do câmpus Maceió colocaram em xeque também a proposta de contra turno e de disciplinas com ensino a distância.

“Queremos evitar duas tragédias, trazer aluno no contra turno sem dar condições para isso e adotar educação a distância na educação básica”, afirmou a pedagoga Vânia Galdino, ao defender redução da hora-aula para 45 min como alternativa.

Qualificando a EAD como o ponto mais polêmico da deliberação nº 34, o diretor do Sintietfal e membro do Consup, Ederson Matsumoto, o Japa, defendeu a exclusão dos artigos 23 e 24 da diretriz. “O aluno EAD precisa de muita maturidade, precisa ser quase um autodidata. Eu não consigo ver chance de manter a qualidade com disciplinas EAD no ensino médio integrado”, disse o sindicalista.

Outra questão levantada quanto à educação a distância é uma possível subutilização do corpo de servidores. “Uma aula a distância não necessita de um professor presencial e nem o técnico para estruturar a educação. Aceitar esse tipo de proposta é não pensar em nossos empregos. Esse governo não vai titubear em demitir professores e TAE”, disse Gabriel Magalhães, diretor do Sintietfal

Com relação ao contra turno, foi levantado como problemática a estrutura física dos câmpus para suportar a quantidade de alunos de forma integral na instituição, além do uso desta ferramenta atualmente para a monitoria, o suporte de aprendizagem (nivelamento) e a Progressão Parcial Intensiva – PPI (reoferta). Tal proposta pode impactar, inclusive, na redução da oferta de vagas.

Para o Sintietfal, é preocupante admitir redução de vagas. “Temos que fortalecer nossa Rede e garantir a educação de qualidade para o máximo de pessoas. Se reduzir vagas vai reduzir também a relação servidor-aluno e isso se torna prato cheio para o governo ampliar sua campanha de difamação contra quem produz o conhecimento e a ciência no país”, defendeu o diretor sindical, Yuri Buarque.

Outras propostas quanto ao desdobramento de medidas que visam padronizar os cursos integrados do Ifal em 3200 horas serão reavaliadas pelo CEPE e, em seguida, pautadas no Consup.

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