Sintietfal lamenta a morte do intelectual alagoano Dirceu Lindoso

Em pleno dia do professor, 15 de outubro, falece aos 87 anos um dos maiores intelectuais de Alagoas, Dirceu Lindoso. O escritor, natural de Maragogi, estava internado por conta de um aneurisma na UTI do Hospital Geral do Estado.

Lindoso foi autor de importantes obras, necessárias para compreender a história e a cultura do povo alagoano, tais como: “A formação de Alagoas boreal”, “A utopia armada: rebeliões de pobres nas matas do Tombo Real, “Interpretação da província: estudo da cultura alagoana”, “O poder quilombola: a comunidade mocambeira e a organização social quilombola”.

Em 2011, o intelectual recebeu o título de Doutores Honoris Causa da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e, em 2017, foi um dos homenageados da 8ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Na ocasião, o Sintietfal participou última grande homenagem recebida em vida por Lindoso.

Sobre a morte do intelectual, o diretor do Sintietfal, Claudemir Martins, utilizou as redes sociais para se despedir de “um dos maiores pensados que Alagoas já viu”. “[Dirceu Lindoso] Deixa um legado relevante e sem o qual não se compreende a sociedade alagoana e o Nordeste. Que os estudantes encontrem a utopia nas linhas deixadas escritas por Lindoso”, afirmou o sindicalista.

Confira abaixo a publicação na íntegra.

 

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Nessa última madrugada, nos deixou um dos maiores pensadores que Alagoas já viu, Dirceu Lindoso. Tive o prazer de ouví-lo uma única vez, na última Bienal do livro, quando foi homenageado. As fotos registram esse momento. Descobri Dirceu Lindoso quando comecei a buscar compreender a formação territorial capitalista alagoana, fui comprando e lendo seus livros. Leitura cativante. Tinha um projeto de entrevistá-lo em mente, não deu tempo. Intelectual de uma escrita densa, acima de tudo, uma escrita que rompeu com as cercas do poder das oligarquias alagoanas, portanto, uma escrita orgânica para a luta dos operários, dos camponeses, quilombolas, indígenas. Ele denunciou o que denominou de historiografia “gráfica”, ideológica escravistas-latifundiária que predominou no trabalho de muitos ao historiografarem a sociedade alagoana. Enalteceu a luta dos cabanos, uma revolução no campo alagoano, registrando a resistência dos explorados, contra a violência das oligarquias nesse estado. Resistiu bravamente a ditadura militar-empresarial-latifundiaria, de 1964. Escreveu muito, sobre temas diversos. Enfim, deixa um legado relevante e sem o qual não se compreende a sociedade alagoana e o Nordeste. Que os estudantes encontrem a utopia nas linhas deixadas escritas por Lindoso.

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Fotos: Arquivo/Ufal

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