Mesa-redonda debate o 8 de março e a luta pelos direitos das mulheres

“Protagonismo da mulher nas lutas sociais: conquistas e desafios” foi o tema do evento que lotou auditório Jorge Batista, do Ifal Maceió

Em 2019, 1310 mulheres foram mortas vítimas da violência doméstica ou por sua condição de gênero. Só em Alagoas, o feminicídio aumentou 112%. Pela vida e por direitos das mulheres, o Sintietfal, através de sua diretoria de formação política, organizou uma mesa-redonda em menção ao Dia Internacional das Mulheres, na tarde desta quarta-feira, 11 de março.

Com o tema “Protagonismo da mulher nas lutas sociais: conquistas e desafios”, estudantes e servidores/as lotaram o auditório Professor Jorge Batista, no Ifal Câmpus Maceió, para ouvir palestras de Ana Karen, do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, Lenilda Luna, do Movimento de Mulheres Olga Benario, e Taynara Silva, da Frente Antirracista de Maceió. Representantes de movimentos de mulheres, do Sindicato dos Professores (Sinpro) e o próprio diretor do câmpus Maceió também se fizeram presentes.

“A mulheres foram grandes protagonistas da história. Mas a gente precisa resgatar, o tempo todo, a história das mulheres já que elas foram silenciadas durante tantos anos”, afirmou Andrea Moraes, diretora de formação política do Sintietfal, ao fazer a abertura do evento.

A presidenta em exercício do Sintietfal, Elaine Lima, defendeu que o Ifal coloque atividades como essas no calendário acadêmico. “O número de feminicídio é enorme. Nós estamos aqui numa instituição de educação e que jovens estamos formando? Acredito que, no mês da mulher, deveria entrar no calendário acadêmico uma atividade em que a instituição pare para dizer bastas das nossas mulheres morrem!”, afirmou a sindicalista.

Com o tema da participação da mulher na política, a jornalista Lenilda Luna demonstrou que as conquistas de direitos das mulheres foram resultantes de suas lutas e sua organização.

“Se a gente desiste da luta a gente vai para um local de silenciamento e de exploração. A questão de lutar e se organizar, para nós, é uma questão de sobrevivência. Sobrevivência física, sobrevivência enquanto categoria social e sobrevivência psíquica. Para a gente, lutar é imperativo e a gente vai à luta sem pedir licença”, afirmou a representante do Movimento de Mulheres Olga Benario.

A médica Ana Karen de Oliveira discorreu sobre o tema das origens do 8 de março, desmistificando o incêndio numa fábrica nos Estados Unidos como março do Dia Internacional das Mulheres ou qualquer referência à entrega de flores e chocolates.

“As mulheres trabalhadoras começaram a utilizar o mês de março para comemorar suas conquistas e avanços de direitos em 1914. Mas começa a ser comemorado no dia 8 de março em 1917, a partir de um movimento histórico de mulheres que foram as ruas pedir pão e paz. Esse movimento abre caminho para a Revolução Russa”, explicou a militante do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro.

Com questão racial sendo ainda mais um agravante da exploração da mulher, matando 5,3 mais mulheres negras do que brancas, a professora Taynara Silvia fez uma fala cheia de significados e homenagens a mulheres negras, como Marielle Franco, a advogada Valéria Santos e Ana Cláudia Ferreira, assassinada e arrastada por km pela PM-RJ.

“Ninguém no mundo, na história, conseguiu a liberdade apelando para a moral do seu opressor”, disse a jovem Taynara. Ela também falou sobre a importância da reeducação e da não reprodução de termos que diminuam o negro.

“Eduquem os próximos. Eduquem os amigos negros e os amigos brancos. Eu me embranqueci durante muito tempo. Tem termos que não devemos usar mais, como denegrir, a coisa tá preta, entre outros. É com educação que a gente movimenta as estruturas de uma sociedade patriarcal, sexista e racista”, completou a representante da Frente Antirracista de Maceió.

Para o Sintietfal, é dever do movimento sindical pautar a luta por direitos das mulheres trabalhadoras. “Nosso sindicato levanta essa bandeira porque tem certeza que não dá para a gente construir uma sociedade radicalmente diferente dessa sem a libertação da mulher e a libertação da mulher depende de uma ação efetiva da classe trabalhadora, que unida vai superar essa sociedade”, afirmou Elaine Lima, presidenta em exercício do Sintietfal.

O evento contou com a distribuição de bottons da campanha do Sintietfal pela vida das mulheres e coffee break ao final. Em breve, será disponibilizado no canal do youtube do Sintietfal toda a gravação do evento.

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