CNE aprova resolução que prorroga ensino remoto até 2021

O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou nesta terça-feira, dia 06 de outubro, resolução que prorroga o ensino remoto até o fim de 2021. A proposta vale para a Educação Básica até o Ensino Superior, privado e público.

O texto aprovado recomenda ainda que os sistemas de ensino não reprovem os estudantes. A medida prevê a reorganização flexível dos sistemas e sugere, por exemplo, a adoção do “continuum escolar”, ou seja, as redes poderão fundir os anos escolares. O documento também autoriza o estabelecimento de um quarto ano de Ensino Médio.

“A decisão de continuar ou iniciar o ano letivo de 2020 é bastante insensível. Estamos vivendo uma Pandemia sem precedentes na atualidade e ela levou vidas, histórias, saúde, empregos e perspectivas. Se houvesse realmente respeito pela Educação de qualidade e para todos, estaríamos agora conversando sobre saúde mental, sobre como ajudar quem mais precisa, sobre a nossa realidade sócio-política, pensando em saídas e em alternativas para um Brasil que está tão perverso com o seu povo e a sua terra”, colocou a diretora do Sintietfal, Ana Lady.

No entanto, para a realização do ensino remoto são necessários: equipamentos apropriados para gravação, transmissão, edição entre outros. Muitos docentes da rede pública não têm experiência com Ensino a distância e o governo ainda não falou em capacitá-los ou equipá-los.

Com as aulas remotas, professores/as estão tendo mais tempo de trabalho, já que além de planejarem as aulas, agora devem gravá-las, editá-las e, na sequência, nas plataformas, passarem os conteúdos, dando auxílio aos alunos e alunas e tirando suas dúvidas.

Uma pesquisa aponta que, em 2018, apenas 67% dos domicílios alagoanos tinham acesso à internet, ficando à frente apenas do Piauí, do Maranhão e do Acre.

“O Ensino Remoto tem exigido muito mais dos/as professores/as: compra de equipamentos caros, como celulares, computadores, equipamentos para iluminação e programas, visto a desvalorização do real e a consequente defasagem dos salários. Além disso, não fomos preparados para as Novas Tecnologias e temos que fazer diversos cursos, ao mesmo tempo, para tentar preparar aulas mais agradáveis e acessíveis. Ou seja, mais tempo trabalhando, mais dinheiro gasto, nenhum ou pouco apoio financeiro e menos saúde. Do outro lado, os alunos e alunas das escolas públicas sofrem com a falta de internet ou a pouca qualidade dela em suas localidades, além de muitas vezes não possuírem equipamentos adequados ao que é necessário no Ensino Remoto, como um notebook. E mesmo com todos esses itens em mãos, situação da minoria, a angústia é universal: ficar horas na frente de uma tela, como robôs, sem a troca de experiências, sem o convívio com o diferente e com os amigos. Infelizmente, o ensino remoto é mais uma maneira de ‘cumprir a tabela’ que o mercado nos exige, de aumentar a exclusão social e educacional em nosso país. Educação também exige de nós paciência, consciência política, humanidade e amor”, concluiu Ana Lady.

A resolução ainda terá que ser homologada pelo Ministério da Educação (MEC). Caso aprovada, a resolução não será obrigatória, caberá às redes de educação aceitarem ou não.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *