Com UFS, chega a 17 o número de Institutos e Universidades federais sob intervenção de Bolsonaro

Somada à Unirio, são 18 autarquias sem o resultado eleitoral respeitado

O governo Bolsonaro realizou nesta segunda-feira, 23 de novembro, mais uma intervenção nos Institutos e Universidades Federais. Através da Portaria nº 995, do Ministro da Educação, Milton Ribeiro, afastou o reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o professor Valter Joviano, e nomeou como interventora a professora Liliádia Barreto.

Essa é a décima sétima intervenção na educação federal desde que Bolsonaro assumiu a presidência. Para o Sintietfal, essa prática do governo revela seu caráter antidemocrático.

“Esse movimento de intervenção fere a autonomia universitária e desrespeita a escolha livre e democrática da comunidade acadêmica da UFS. O Sintietfal repudia esse profundo golpe sofrido pela universidade e se solidariza com a comunidade acadêmica e com a sociedade Brasileira”, afirmou Elaine Lima, vice-presidenta do Sintietfal.

O reitor Valter Joviano foi eleito no Conselho Superior e encabeçou a lista tríplice encaminhada ao MEC. A lista tem ainda os nomes dos professores André Maurício Conceição de Souza e Vera Núbia Santos.

Na semana passada, a Universidade Federal do Piauí (UFPI) também foi alvo de Bolsonaro. A chapa eleita pela em votação direta na universidade era composta pelos professores André Macedo e Carlos Sait. Eles tiveram 45,03% dos votos, mas a chapa dos professores Gildasio e Viriato, que teve apenas 20,87% dos votos e ficou em terceiro colocado, foi empossada no último dia 20 de novembro por decreto presidencial.

Também em novembro, o governo Bolsonaro rasgou o resultado das eleições na Universidade Federal da Paraíba. Apesar de as candidatas Terezinha Domiciano e Mônica Nóbrega vencerem as eleições com 964,518 pontos, o MEC decidiu nomear Valdiney Gouveia e Liana Albuquerque que tiveram apenas 106,496 pontos na consulta à comunidade acadêmica.

Além desses três casos, ocorridos apenas em novembro, outras 15 eleições tiveram seus resultados ignorados, sendo 14 pelo governo federal e o da Unirio pelo Conselho Superior.

Na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), o nomeado para reitor obteve apenas 6,9% dos votos, enquanto o primeiro colocado angariou 84,4%.  Bolsonaro também nomeou o terceiro colocado nas Universidades Federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Fronteira Sul (UFFS), do Recôncavo da Bahia (UFRB), do Ceará (UFC), Rural do Semi-Árido/RN (UFERSA), dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/MG (UFVJM) e na já citada UFPB.

No Instituto Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (IFRN), o interventor nomeado sequer participou do processo eleitoral. Josué de Oliveira Moreira foi uma indicação do General Girão (PSL-RN), um caricato deputado federal bolsonarista que chegou a solicitar o envio de tropas federais para reprimir manifestações estudantis.

No caso da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, a manobra foi feita pelo Conselho Superior que ignorou o resultado das urnas e indicou para encabeçar a lisa tríplice um professor que sequer disputou as eleições.

Confira abaixo o mapa das intervenções

2º COLOCADO Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC)
3º COLOCADO Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal Rural do Semi-Árido/RN (UFERSA), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/MG (UFVJM), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Piauí (UFPI)
NÃO PARTICIPOU DO PROCESSO Universidade Federal do Vale do São Francisco/PE (Univasf), Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Universidade Federal da Grande Dourados/MS (UFGD), Universidade Federal de Sergipe (UFS)
NOMEADO DE FORA CEFET-RJ
GOLPE DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO Unirio

 

Um Comentário em “Com UFS, chega a 17 o número de Institutos e Universidades federais sob intervenção de Bolsonaro

Manoel Castilho de Almeida Santos
4 de dezembro de 2020 em 14:15

Gente… Não é bem isso. É preciso que se ESCLAREÇA que o professor Valter Jovinianoera Vice-Reitor Pro Tempore (temporário), situação que nunca foi regularizada pelo ex-Reitor Angelo Antoniolli junto aos Conselhos Superiores e MEC. A coisa só piora, pois o então Vice-Reitor Pro Tempore era o “candidato biônico” da antiga Administração da UFS. E todas as vezes que ele ou a Administração foi procurada o Valter nunca se colocou como candidato oficial, assim como NÃO QUIS PARTICIPAR da Consulta Acadêmica organizada pelas entidades que foi iniciada em novembro de 2019.
O professor Valter Joviniano está como primeiro candidato na Lista Tríplice, por conta dos votos de todos os CONSELHEIROS NOMEADOS pela Reitoria, a exemplo de Pró-reitores, Diretores Pro Tempores dos Campi do Interior etc.
As entidades, a exemplo da ADUFS, SINTUFS, DCE_UFS, Associação de Pós-Graduação (APG), Associação de Aposentados (ASAP_UFS) e Associação Atlética da UFS (AAUFS), passaram por vários boicotes perpetrados pela antiga gestão, com relação a mudança no calendário acadêmico, liberação do sistema oficial de votação, e descrédito na imprensa. Tudo isso culminou no processo de INTERVENÇÃO na nossa querida UFS.

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