Sobre as eleições 2018

Nasci dentro do PT aos 15 anos, me desfiliei há quase uma década, justamente, por não concordar com os rumos do partido. Era a tentativa de autocrítica, mas não conseguia, ao contrario, fui sendo escanteado pelos dirigentes. Por isso, compreendo quando criticamos o PT, solicitando uma autocrítica interna que o PT não faz.

Em fins de 2014, antes do golpe, eu escrevia na dissertação que o futuro do governo do PT era sombrio, com a escolha de Kátia Abreu pra Ministra da Agricultura por Dilma, hoje vice de Ciro. Não sabia que era tão sombrio a ponto de levar um golpe. Mas, a realidade deve referendar nossas análises. E hoje tem um monstro a se derrotar: #Elenao. Tem um projeto de novo golpe em curso, basta ver as falas dele, a ação de juízes querendo recolher urnas no dia da eleição. Está em curso uma tentativa de golpe.

De outro lado, queria muito o Boulos presidente, o que reúne hoje, em meio às contradições, o melhor projeto pra uma outra sociedade, que acreditamos. Mas, esse é o meu ideal, que a realidade não aponta. Vou no primeiro turno com ele, mas se fosse para impedir o monstro, ia no primeiro de Ciro ou Haddad.

Ocorre que o segundo turno me parece certo. Também, vejo que, depois de Boulos, Haddad tem algo que Ciro não tem e nem procurou ter: a ligação com os movimentos sociais. Respeito Ciro, mais ele é avesso a greve e aos movimentos sociais em geral, a escolha da vice diz muito. Talvez a pessoa que os movimentos tem maior aversão no Brasil. Sem ligações com os movimentos sociais, sabemos, não há mudanças mínimas em nada com esse congresso.

Por fim, o programa de Haddad, democrata, centro esquerda, assim como o Ciro, é um pouco melhor que o de Ciro ainda, creio eu, por exemplo em citar, mesmo minimamente, a reforma agrária. A autocrítica que falas, com razão, só virar no PT, se vier, com muita pressão popular, dessa base dos movimentos sociais. Mesmo Haddad ganhando, como creio, 2019 deve ser um ano de greves massivas pra que o PT faça essa autocrítica e, acima de tudo, busque revogar todas, repito todas, as medidas do governo golpista.

Como sindicalista lutarei nesse sentido. Obrigar o PT a chamar a sociedade a decidir, participar via plebiscitos e referendos, é um grande desafio dos trabalhadores e trabalhadoras. Construir a democracia verdadeiramente no país. Seguimos firmes contra o monstro, contra o novo golpe que buscam, contra o ódio e na pressão para arrancarmos do seio do governo petista, que se configura, as mudanças que acreditamos.

Claudemir Martins Cosme
Prof. Instituto Federal de Alagoas

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