Bolsonaro admite que não haverá reajuste para servidores/as federais/as

Com alta na inflação, perda salarial pode atingir 30% no atual governo

A quatro meses das eleições, o presidente Jair Bolsonaro admitiu que nenhum servidor/a público/a federal terá, ao menos, a recomposição das perdas salariais de seu governo. “Lamentavelmente, não tem reajuste pra servidor”, disse a jornalistas nesta segunda-feira, dia 13 de maio, diante do Palácio do Planalto.

O comunicado foi feito após encontro com o Ministro Paulo Guedes, sob a justificativa de que não há recursos disponíveis no orçamento. Nas última semanas, o governo federal bloqueou R$ 8,7 bilhões do Orçamento de 2022, incluindo o valor de R$ 1,7 bilhão que originalmente seria destinado ao reajuste de servidores/as. Este mesmo corte atingiu principalmente os ministérios da Ciência, da Educação e da Saúde.

A pretensão de Bolsonaro era utilizar o R$ 1,7 bilhão reservado no orçamento de 2022 para conceder reajuste para carreiras policiais, que integram sua base de apoiadores. Pela pressão das demais categorias, inclusive com a greve do INSS, do Banco Central, da Controladoria Geral da União e do Sinasefe, Bolsonaro e Guedes mudaram o discurso e prometeram 5% para todos/as.

Diante do descontrole da economia e da crescente inflação, além de nenhuma categoria ter reajuste, os/as servidores/as públicos/as devem acumular perdas salarias superiores a 30% no período do governo Bolsonaro. A previsão dos/as economistas é que a inflação supere novamente a casa dos 10%, em 2022.

“É um crime contra o servidor e a servidora pública, principalmente contra os/as educadores/as. Em quatro anos, 1/3 de nossos salários será roubado pela irresponsável política econômica do governo federal que só serve aos ricos e aos banqueiros. O pior é ouvir que não tem dinheiro, mesmo o orçamento de 2022 sendo de R$ 4,7 trilhões! É preciso parar a farra dos bancos e dos generais militares para ter valorização de quem dá sua vida por esse país”, disse Yuri Buarque, presidente do Sintietfal.

Reajuste no Auxílio-alimentação

Mesmo dizendo não ter orçamento em 2022 e que só será possível reajuste nos próximos anos, se a economia melhorar, Bolsonaro, diante dos/as jornalistas, continuou fazendo promessas aos/às servidores/as.

“Nós estamos tentando agora, que tem que vencer legislação eleitoral, dobrar, no mínimo, o valor do auxílio-alimentação”, prosseguiu o capitão reformado. Contudo, a afirmação não foi detalhada. Em fevereiro, antes dos cortes no orçamento, Paulo Guedes chegou a defender a substituição do reajuste de 5% pelo aumento de R$ 400 no auxílio, deixando de fora os/as aposentados/as e pensionistas.

Atualmente, o auxílio-alimentação do Executivo é de R$ 458 e só atinge os/as servidores/as da ativa, exceto os/as afastados/as por licença-capacitação de longa duração ou por cessão a organismos internacionais.

Esse valor é bem inferior ao pago para os demais poderes, Legislativo e Judiciário, e ao valor da cesta básica no Brasil. Em São Paulo, segundo o Dieese, a cesta-básica custou R$ 803,99 em abril de 2022.

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