Do luto à luta: Protestos contra o feminicídio e pelos direitos das mulheres marcam o dia 8 de março em Alagoas

Marcelle Bulhões, farmacêutica e Ilaorixá, foi morta a pedradas em pleno dia das mulheres

Milhares de manifestantes tomaram as ruas de Maceió. Foto: Adriano Arantos.

O dia 8 de março foi um dia de luto e de luta em Alagoas. Em pleno Dia Internacional das Mulheres, com manifestações em todo mundo por direitos e pela vida, foi assassinada a pedradas em Maceió a ilaorixá e farmacêutica, Marcelle Bulhões, tendo como principal suspeito seu ex-marido.

Marcelle Christine de Bulhões, apesar de ser ativista pelos direitos das mulheres, foi vítima de violência doméstica de seu ex-namorado, que passou a perseguir e ameaçá-la de morte. A jovem de 25 anos fazia trabalhos sociais no Conjunto Village Campestre II e trabalhava no Hospital da Criança, no Jacintinho.

Marcelle Bulhões foi assassinada a pedradas no dia 8 de março de 2023

Este feminicídio demonstra que o simbolismo do Dia das Mulheres não tem valor sem o avanço na luta por justiça de gênero. Por isso, em Maceió e em Arapiraca, milhares de mulheres tomaram às ruas em defesa de uma vida sem violência, de dignidade e pelo fim do machismo e da misoginia.

Em Maceió, a manifestação teve concentração às 15 horas, na Praça Centenário, e contou com grande presença das mulheres do campo e da cidade. Em passeata pelas principais avenidas da capital, o protesto caminhou até a Praça Deodoro, onde houve apresentações artísticas de mulheres.

Manifestação teve encerramento na Praça Deodoro. Foto: Ésio Melo/Sintietfal

O ato homenageou Marcelle Chistine e tantas outras mulheres vítimas da violência de gênero. Além disso, condenou a lei de tortura psicológica aprovada pela câmara de vereador onde revitimiza mulheres cobertas pela lei de fazer aborto legal, como são os casos de estupro, anencefalia e risco à vida.

Em Arapiraca, também houve um ato com concentração às 16 horas, na Praça da Prefeitura, e término por volta das 18 horas, no Bosque das Arapiracas. Centenas de manifestantes seguiram em marcha por algumas ruas do comércio da cidade, gritando em alto e bom som, o grito de resistência das mulheres e homens que lutam pela equidade de gênero.

Ato percorre as ruas de Arapiraca

A professora de Filosofia, Ellen Melo, do IFAL Campus Arapiraca, ressaltou a importância da luta feminista: “Muitas ainda pensamos que já temos os direitos conquistados e nossa cidadania garantida. Mas entre a letra da lei e a realidade há um grande abismo e a violência de gênero que sofremos diariamente é um sintoma para entendermos que o machismo mata e que precisamos resistir lutando!”, afirmou a militante feminista, criadora do grupo feminista “As desmedidas” e autora dos livros “Em busca do equilíbrio entre o feminino e o masculino” e “As desmedidas: sem medidas para o amor-próprio”

Além da manifestação, a servidora também ajudou a organizar palestras com a temática de violência de gênero. A principal atividade foi realizada em parceria entre o Ifal e a Ufal, a partir das 18h, no auditório do campus Arapiraca da universidade.

Na ocasião, diversas palestrantes apresentaram as bases ideológicas e etimológicas da violência de gênero, suas principais manifestações e consequências, como a desigualdade no mundo do trabalho e na vida social, assim como a ferramenta da educação como prevenção das violências de gênero.

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