Após transferência para o INSS, aposentada do Ifal sofre golpe de R$ 200 mil

Servidores/as lutam pelo retorno da gestão das aposentadorias e pensões para o Ifal

Relato do golpe foi realizado na mobilização contra o Decreto nº 10.620

A pedagoga aposentada do Instituto Federal de Alagoas, Luiza Jaborandy, sofreu um golpe financeiro. Após sua aposentadoria ter sido transferida do Ifal para o Instituto Nacional de Seguridade Social, descobriu que foi realizado empréstimo de R$ 200 mil em seu nome.

“Foi uma mulher pessoalmente se passando por mim ao Banco do Brasil, agência de Maragogi, com minha CNH, contra cheque, comprovante de residência que residia naquela cidade e abriu uma conta em meu nome. Eu nunca tive Conta no Banco do Brasil e faz muito tempo que não vou a Maragogi. Ela teve acesso a todos os meus dados do sougov [sistema do Governo Federal]. Com isso, movimentou a conta, fez pix e depois tirou um empréstimo de R$ 200 mil pelo sougov”, relatou a aposentada durante a Assembleia Geral do Sintietfal, realizada no dia 2 de maio.

A pedagoga só conseguiu descobrir o golpe quando percebeu um desconto de 40% em seu salário. “Tinha um desconto de quase R$ 5 mil de meu salário. Fui baixar meu contracheque e a senha não entrava. Não conseguia acesso ao sougov. Eu não conseguia acessar nenhum aplicativo do governo. Consegui acesso pelo meu banco, tinha um telefone desconhecido e um email desconhecido. Eu editei, coloquei meus dados, coloquei senha nova e consegui baixar meu contracheque. E para meu susto tinha um empréstimo consignado lá”, prosseguiu Jaborandy.

A pedagoga disse ainda que antes se sentia “amparada e acolhida”, quando a gestão de sua aposentadoria era feita diretamente pelo Ifal. Entretanto, desde o dia 19 de fevereiro de 2022, as aposentadorias e pensões do Ifal foram transferidas para o INSS, através de um Acordo de Cooperação Técnica assinado pelo reitor Carlos Guedes e a gestão do órgão.

A medida segue o decreto 10.620, de fevereiro de 2021, editado por Bolsonaro para penalizar os/as servidores/as públicos/as, acabando com setores específicos das autarquias e fundações públicas e centralizando a concessão e a manutenção das aposentadorias e pensões no INSS.

O relato de Luíza reforçou a luta dos/as servidores/as do Ifal pelo retorno dos/as inativos para a instituição de ensino. “Isso é um horror. Não tem nada de cooperação técnica”, disse a aposentada Léa Mello, ao contar um caso semelhante ocorrido na Paraíba, mas com desfecho diferente.

“Aconteceu a mesma coisa, igualzinho o que aconteceu com a Luíza, com uma amiga minha do IFPB. Assim que o pessoal dos aposentados recebeu uma solicitação de empréstimo, imediatamente, entrou em contato ‘professora, a senhora está fazendo um empréstimo?’ e automaticamente o próprio Instituto Federal entrou em contato com o banco e cancelou na hora”, contou.

“Quer dizer, se a Luíza hoje não fosse uma aposentada do INSS, fosse uma aposentada do Instituto Federal de Alagoas – que é o que nós somos – ela não estaria passando esse vexame”, acrescentou a aposentada, destacando a postura do Reitor do Instituto Federal da Paraíba em não se submeter ao Decreto nº 10.620, considerado inconstitucional pelas entidades sindicais (ADI 6767).

Sobre o Decreto 10.620

O Governo Bolsonaro, por meio do Decreto nº 10.620/2021, decidiu retirar das autarquias federais e fundações públicas a competência de conceder e gerir as aposentadorias e pensões do Regime Próprio de Previdência Social.

Com isso, o direito dos/as inativos/as fica sob responsabilidade do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, órgão que opera com déficit de mais de 11 mil servidores/as e possui 1,28 milhão de pessoas na fila da previdência.

O governo Lula, na abertura da Mesa Nacional de Negociação com os/as servidores federais, decidiu suspender o cronograma de execução do decreto de Bolsonaro e instituir uma comissão para avaliar seus impactos. Entretanto, para o Instituto Federal de Alagoas, não houve alteração, pois a instituição foi uma das primeiras e únicas a entregar seus/suas servidores/as inativos/as ao INSS.

Atualmente, o Sintietfal está em campanha pela completa revogação do Decreto nº 10.620 e a devolução das aposentadorias e pensões para o Ifal.

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