Nota de repúdio aos ataques de vereador de Coruripe a docente do Ifal

O Sindicato dos Servidores Públicos Federais da Educação Básica e Profissional no Estado de Alagoas vem a público manifestar sua irrestrita solidariedade à companheira Maria Oliveira, dirigente sindical desta entidade e professora do Ifal – Campus Coruripe, vítima de desonestos e inadmissíveis ataques por parte da extrema-direita fascista.

No exercício de suas atribuições e em estrita conformidade com o conteúdo programático da disciplina que ministra, a professora Maria realizou, no dia 13 de outubro último, em uma de suas turmas, atividade que contou com a exibição do filme O Nome da Rosa, de 1986, baseado em livro homônimo – um verdadeiro clássico da literatura mundial, escrito pelo filósofo italiano Umberto Eco.

Para sua completa surpresa, no dia 20 de outubro, um agente da extrema-direita com assento no poder legislativo municipal de Coruripe decidiu adentrar ao campus para “exigir apuração e punição” face à conduta da docente, acusando-a de ter reproduzido para estudantes filme com supostas “cenas de sexo explícito”. Não satisfeito, no dia 22 de outubro, o mesmo indivíduo se dirigiu à tribuna da câmara de vereadores da cidade para proferir ofensas e acusações gravíssimas, inescrupulosas e infundadas contra a professora.

Em primeiro lugar, cumpre ressaltar que, ao contrário da acusação mentirosa perpetrada contra a docente – e, por conseguinte, contra o próprio Instituto –, a atividade realizada se reveste de inequívoco interesse pedagógico, tendo-se utilizado um longa-metragem com classificação indicativa perfeitamente compatível com a faixa etária do público-alvo da atividade, inspirado em obra aclamada pela crítica literária, que provoca várias reflexões pertinentes e fomenta discussões de cunho científico, sendo, por isso, amplamente empregado para fins educativos, há décadas, no mundo todo.

Assim, restabelecendo a verdade dos fatos, externamos nossa total solidariedade à companheira Maria, professora respeitada, admirada e benquista por milhares de estudantes e ex-estudantes não apenas do campus Coruripe, mas de todas as instituições pelas quais passou em sua exemplar trajetória profissional.

Adicionalmente, expomos a ironia presente no culto à ignorância ostentado pelo parlamentar de mentalidade tipicamente medievalesca – ironia residente no fato de que o enredo de O Nome da Rosa aborda, justamente, como a liberdade de pensamento e o acesso ao conhecimento foram cerceados durante a Idade Média.

Para além disso, denunciamos com veemente repúdio que esse ataque não se trata de um fato isolado, mas, sim, é parte de um modus operandi sádico da extrema-direita para tentar manipular a opinião da população contra os serviços públicos que concretizam o acesso aos seus próprios direitos sociais.

Com efeito, basta lembrarmos que, há alguns dias, a professora Vanieire Oliveira, da rede estadual de Alagoas, sofreu violência ideológica semelhante praticada por representantes da extrema-direita igualmente medíocres na câmara municipal de Maceió. Não por acaso, a nova vítima escolhida pela misoginia fascista para atacar a educação pública é, mais uma vez, uma mulher.

De fato, para atingir seus objetivos eleitoreiros e pavimentar terreno para a implementação de seu projeto econômico neoliberal de aprofundamento das desigualdades sociais, fascistas travestidos de representantes dos anseios populares têm sistematicamente invadido instituições de ensino e/ou feito pronunciamentos nas tribunas das casas legislativas hostilizando educadoras/es e estudantes, injuriando a liberdade de cátedra, desqualificando a educação pública e defendendo o sucateamento desta quando do debate sobre as prioridades do orçamento estatal.

Tamanha vilania tem a finalidade grotesca de afastar a população do acesso aos espaços de desenvolvimento intelectual e cultural e abrir caminho para a aceitação de uma, cada vez maior, privatização daquilo que, hoje, pertence ao povo e é totalmente gratuito.

Ao assim agir, tentam, ademais, criar uma cortina de fumaça para encobrir justamente seu total descompromisso com os direitos do povo e sua completa incapacidade de apresentar propostas para solucionar os reais problemas que atingem, sobretudo, à população mais pobre, como a fome, o desemprego, o déficit habitacional, as condições precárias de saneamento, o sucateamento da saúde e, dentre outros, as dificuldades para o acesso a uma educação pública efetivamente gratuita, de excelência, laica, inclusiva e socialmente referenciada, isto é, uma educação libertadora, que prepare para o trabalho e para o exercício pleno da cidadania, exatamente como os Institutos Federais se propõem a ofertar.

Por todo o exposto, o Sintietfal reafirma sua solidariedade à companheira Maria e se coloca ao lado da comunidade acadêmica do campus Coruripe e em defesa da autonomia didático-pedagógica do Instituto Federal de Alagoas, bem como informa que não se calará e não dará nenhum passo atrás na luta contra os covardes ataques direcionados à educação pública nesse processo articulado pela extrema-direita, marcado por perseguição, espetacularização e abuso de poder.

Em tempo, aos fascistas, nosso absoluto desprezo. Quanto às pessoas de boa-fé às quais a presente nota possa alcançar, que queiram formar suas próprias conclusões e estejam abertas a questionar o obscurantismo do qual a extrema-direita nos quer reféns, recomendamos entusiasticamente não apenas O Nome da Rosa, mas também o brilhante, didático e atualíssimo ensaio O Fascismo Eterno – não menos ironicamente, de autoria do mesmo Umberto Eco. Bons estudos!

Em defesa da liberdade de cátedra!

Em defesa dos serviços públicos!

Fascistas não passarão!

Maceió/AL, 24 de outubro de 2025.

Diretoria Executiva do Sintietfal

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