A Revolução Russa e seus avanços na Educação

 

No dia 7 de novembro de 2017 (25 de outubro no antigo calendário Russo) celebra-se o centenário do mais importante evento histórico do século XX, a Revolução Russa, e de suas enormes conquistas!

Há 100 anos, os trabalhadores russos mostraram ao mundo a possibilidade concreta de se edificar o poder popular. Isso provocou uma profunda e raivosa reação da burguesia internacional e de seus aliados que passaram a disputar os fatos e a memória sobre esse acontecimento histórico.

Nesse sentido, diante dos atuais retrocessos civilizatórios, com forte avanço do obscurantismo gestado pela crise sistêmica do capital e seus ataques impiedosos aos direitos humanos fundamentais, cabe-nos relembrar as vitórias da gloriosa Revolução Russa.

A Rússia Pré-1917

O capitalismo russo era complexo e repleto de particularidades, sobretudo em comparação com o capitalismo ocidental. Possuía estrutura socioeconômica que mesclava aspectos de profundo arcaímo e atraso econômico com outros de modernização capitalista.

Esses elementos modernizadores contribuíram para a formação de uma infraestrutura mínima, que desembocou numa profunda dependência tecnológica e na necessidade de exportações agrícolas/cereais para a Europa ocidental como forma de manter a economia russa.

No alvorecer do século XX, a população urbana russa havia triplicado indo para 18 milhões, sendo que 4 milhões eram de crianças abandonadas, situação que se agravou com a explosão da Primeira Guerra mundial em 1914 com esse número saltando para 7 milhões em 1918. Indo para o terreno da educação, o qual nos interessa abordar nesse rápido texto, a taxa de alfabetização eram miseráveis: entre os homens, a cada 10 apenas 3 sabiam ler e entre as mulheres o índice caía para 10%; não existia rede escolar de educação, o que se tinha eram escolas privadas que ofereciam o equivalente ao ensino médio atual e as escolas paroquiais responsáveis pelo nível primário, oferecendo noções básica de matemática, língua russa e latim*.

As brisas das Revolução de Outubro na educação russa e mundial

Já no início da revolução socialista, os bolcheviques elencaram como tarefas centrais a questão militar – consequência da guerra e da invasão imperialista – e a questão da educação. Essas prioridades serviram para estabelecer as condições de avanço do poder popular, que só se consolidou com o povo sendo instruído na nova escola edificada nos escombros da velha.

Para observarmos aqui o papel da educação, vejamos alguns decretos importantes do jovem governo popular soviético: supressão de todo aparato escolar czarista, supressão das funções de procuradores de distrito, diretores e inspetores de escola, proibição do ensino do catecismo e do latim no programa da escola, criação do NARKOMPROS (comissariado do povo para educação), criação e expansão da rede escolar, criação e expansão de uma rede de creches e escolas infantis com destaque para participação das mulheres, criação de colônias de alfabetização que tinham como modelo a colônia Gorki liderada pelo intelectual militante e pedagogo revolucionário Anton Makarenko.

Essa necessidade de aperfeiçoar o novo aparelho escolar fez a história humana, excitada pela energia liberada pela revolução proletária, agigantar-se com importantes intelectuais militantes, tais como: Lenin; Nadezhda Krupskaya, organizadora da importante seção da comissão cientifica estatal – GUS; Anatoly Lunacharsky, primeiro comissário do povo para educação; Pistrak e sua escola comuna do trabalho; Viktor Shulgin e seu conceito de trabalho socialmente necessário; Vygotsky e Leontiev, com suas pesquisas revolucionárias no campo da psicologia, linguagem e educação.

A pedagogia socialista por eles desenvolvida deixou uma contribuição insubstituível não só para a construção da nova escola da URSS, mas para a construção do novo ser humano emancipado.

Assim, com base nas pesquisas e reflexões desses pensadores revolucionários, conceitos como o trabalho como princípio educativo, o politecnismo, a escola única, estruturaram os eixos gerais da educação na URSS. Seus objetivos eram: 1º) eliminar o analfabetismo; 2º) organizar a educação pública; 3º) construir a escola única do trabalho; 4º) politecnismo; 5º) relação entre educação e política; 6º) relação da educação com a emancipação da classe trabalhadora – eixos esses que inspiraram os povos do mundo ao longo do século XX e continuam inspirando até os dias atuais.

É possível afirmar nesse centenário que os reflexos da revolução russa na educação atual passam pela luta dos povos por: uma educação pública, gratuita, obrigatória e única para todas as crianças e jovens, de forma a romper com o monopólio por parte da burguesia da cultura, do conhecimento; combinação da educação com a produção material com o propósito de superar o hiato historicamente produzido entre trabalho manual e trabalho intelectual e, com isso, proporcionar a todos uma compreensão integral do processo produtivo; uma formação omnilateral da personalidade de forma a tornar o ser humano capaz de produzir e fruir ciência, arte, técnica; integração recíproca da escola à sociedade com o propósito de superar o estranhamento entre as práticas educativas e as demais práticas sociais.

Por fim, apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas devido a diversos fatores estruturais, conjunturais e ideológicos, cabe, mais do que nunca, resgatar a experiência soviética. Assim, prestamos nossa singela homenagem contribuindo cotidianamente para a organização da classe trabalhadora na luta contra os retrocessos e o capitalismo.

Outros Outubros virão! Viva a Revolução Socialista de 1917!

 

Fabiano Duarte, diretor de formação política do Sintietfal

 

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*Senso oficial czarista, que foi secreto até antes da revolução 1917.

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