Contra a perseguição do MEC, ato fortalece solidariedade ao professor Wanderlan

Mais 10 mil nas ruas do 30M apoiaram o docente; entidades também lançaram notas de apoio

O Ministro da Educação, Abrahan Weintraub, além de cortar 30% do orçamento da educação pública, quer proibir servidores e estudantes de defenderem as universidades e institutos federais. Chegou a usar sua conta no twitter para pedir a abertura de um PAD com o objetivo de demitir o professor do Ifal, Wanderlan Porto.

O professor, que aparece no vídeo de uma assembleia conclamando estudantes a defenderem o Instituto Federal, ao contrário do que esperam os defensores do inconstitucional Escola Sem Partido, tem recebido grande apoio de educadores, estudantes e defensores da causa da educação.

No 30 de maio, 2º Dia Nacional de Luta em defesa da Educação, ao final da manifestação que reuniu mais de 10 pessoas em Maceió, o professor Wanderlan Porto foi homenageado pelos presentes e em sua fala disse:

“Eu confesso a vocês que não gostaria de ter sido atacado como fui, mas hoje eu precisava, graças a meus amigos, estar aqui para pedir uma única coisa a vocês, não arredem o pé dessa luta!”, disse o professor que foi ovacionado pela multidão.

De forma simbólica, a multidão deu as mãos, unindo-se à contra a perseguição do MEC, e sob o bordão de “ninguém solta a mão de ninguém” gritou de forma uníssona um recado para Weintraub e seus asseclas: não passarão!

Moções de Apoio

Além da resposta nas ruas, diversas entidades também se manifestaram publicamente contra a perseguição do Ministro da Educação. Sindicatos da Educação de Alagoas foram os primeiros a sair em defesa do professor do Ifal.

“Não podemos admitir vetos ou qualquer tipo de censura àqueles que defendem o direito à educação pública e à melhoria das condições de vida da classe trabalhadora”, afirmou, em nota, a Associação de Docentes da Ufal (Adufal).

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas afirmou que não aceitará qualquer tipo de perseguição contra os defensores da educação. “Em defesa do estado democrático de direito, não admitiremos qualquer tipo de censura, principalmente a quem defende legitimamente o direito à educação pública e à melhoria das condições de vida da classe trabalhadora. Toda e qualquer tentativa de silenciar a voz de cidadãos e cidadãs brasileiras se configura como autoritarismo e repressão, e isso não será tolerado”, escreveu o Sinteal.

Para o Sindicato dos Trabalhadores da Ufal, quem ataca o professor do Ifal é contrário aos princípios democráticos estabelecidos na Constituição. “Aqueles que são contrários ao posicionamento do educador Wanderlan Porto rasgam a Constituição Brasileira (…) A defesa da educação pública, gratuita e de qualidade não configura nenhuma infração. Defender a educação do país é um direito de todo educador”.

Entenda o caso

O Sintietfal, em parceira com a Fenet e o Grêmio Edson Luís, realizou no dia 29 de maio a Plenária Unificada em Defesa do Ifal no intervalo das aulas da manhã e da tarde no pátio do câmpus Maceió. Em depoimento emocionando, o professor Wanderlan Porto conclamou os estudantes a lutar contra o fechamento da Instituição – que, segundo a Reitoria, se mantiverem os cortes pode não passar de setembro. Assista aqui a fala do Reitor Sérgio Teixeira.

O vídeo de sua fala viralizou na internet, fazendo com que os defensores da inconstitucional Escola Sem Partido caluniassem o professor, chamando-o de “criminoso” e “vagabundo”, e cobrando do MEC punição ao docente. De forma irresponsável, Abrahan Weintraub chamou o professor do Ifal, doutor em filosofia e de currículo mais avantajado de que o seu, de “elemendo” e disse que abriria um PAD para sua “exoneração”.

O Sintietfal entende que a declaração do Ministro Weintraub é contrária à liberdade de expressão garantida na Constituição e desrespeita a decisão do Supremo Tribunal Federal, que referendou a livre manifestação de ideias em universidades (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 548).

+++ STF referenda liminar que garantiu livre manifestação de ideias em universidades

Confira abaixo a nota oficial do Sintietfal:

Nota Pública: Defender a educação não é crime!

O professor do Ifal Wanderlan Porto está sendo difamado e ameaçado pela extrema-direita. Após seu discurso em defesa do Ifal viralizar nas redes sociais, o docente passou a ser alvo de ataques até do Ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Ao contrário do que desejam os defensores da inconstitucional Escola Sem Partido, a defesa da educação não é crime e os estudantes e servidores estão unidos em prol da escola pública, ameaçada pelos cortes do governo Bolsonaro.

Nesse sentido, entendemos ser legítima a fala do professor na atividade promovida pelo Sintietfal, em parceria com o Grêmio Edson Luís e a Federação dos Estudantes em Ensino Técnico, denominada Plenária Unificada em Defesa do Ifal, realizada no intervalo das aulas do último dia 29 de maio.

Em sua fala, Porto disse que se orgulha de ele mesmo e seus pais serem formados em escolas técnicas, repetiu a declaração do Reitor do Ifal de que a instituição só tem recursos para funcionamento até setembro, e afirmou enfaticamente que os estudantes precisam lutar pela educação.

A perseguição a docentes e à reflexão crítica virou a prioridade deste governo. Não podemos deixar que a perseguição ideológica se instale no ambiente escolar, que deve estar aberto para o debate franco e democrático de ideias sem qualquer tipo de constrangimento ou perseguição.

O Sintietfal se coloca ao lado de Wanderlan Porto em seu apoio irrestrito. Não toleraremos nenhum tipo de represália. Nosso setor jurídico já está tomando as devidas providências tanto em defesa de Wanderlan quanto no combate às calúnias.

#SomosTodosWanderlan

 

Maceió, 30 de maio de 2019

Assembleia Geral Ordinária do Sintietfal

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